Feliz Dia do Professor !!!


SER OU ESTAR PROFESSORA...


Ser professora é assumir integralmente a condição de educar, como profissão e como modo de vida.
Ser professora é mais do que se afirmar como educadora, pois a função de educadora não exige ser professora, mas a profissão de professora implica ser permanentemente educadora. Educador ou educadora devem ser todas as pessoas. Na escola, é preciso legitimar como educador o porteiro que recebe as crianças e as famílias, assim como as orienta e se despede delas em nome da escola; é preciso reconhecer e autorizar a ação educadora do pessoal da secretaria, do pessoal de apoio. São educadores e educadoras em trabalho educativo. Mas não são professores, nem professoras.
Já professores e professoras, no exercício legal de uma profissão para a qual foram preparados e permanecem em aprendizagem, são educadores e educadoras, também. Daí ser necessário fazer uma (re)leitura de nossos discursos, de nossas práticas e de nossas teorias que defendem a aplicação de diferentes nomes a nossa profissão. Mudamos ao sabor desses nomes ou eles mudam em função de nossa ação?
Gosto de ser professora... Ser professora exige investir em aperfeiçoamento permanente, na sede de aprender sempre, sem vacilar...
Ser professora é viver o cotidiano sem a opacidade da rotina instalada, sem se permitir aplicar desimportância ao que acontece em torno.
Algumas pessoas declaram “Estar professora”... Essa afirmação me dá mais uma idéia de transitoriedade do que de ligação entre o estado da pessoa e a função. A idéia que tenho, em torno dessa afirmação, é de que a pessoa deixará de ser professora num dado momento, como se não fosse um compromisso de longo prazo, de vida... Parece-me ser mais fácil: permite vestir uma profissão momentaneamente e ser coerente com ela apenas no exercício da função. Parece, também, permitir assumir a condição de educadora, ou não, apenas durante o tempo em que se está professora...
Estar professora exige o estudo como meio de ascensão na carreira, como atendimento a exigências institucionais. Estar professora é optar por estar e não por ser.
Tenho optado por ser professora, não deixando de sê-lo quando estou fora da sala de aula. Não abro mão dessa condição. Não estou dizendo com isso que durante todo o tempo estarei ministrando aulas, mas continuarei sendo professora na maneira de ver o mundo e de agir nele. Sou professora por opção de vida e, por conseguinte, não descarto da minha maneira de viver e de ser esta faceta de minha identidade.
Assim, também, não deixo de ser mãe, não deixo de ser católica, não deixo de ser mulher, não deixo de ser negra, não deixo de ser filha, não deixo de ser amiga, irmã, brasileira... Sou inteira, não sou parte.
Estive chefe, estive doente, estive estrangeira, estive ausente, estive longe... Não sou chefe, sou professora; não sou doente, sou gente; estive ausente, mas prefiro ser presente, ser o próximo para que você me ame “como a si mesmo...” e não estar longe, mas ficar perto, sendo e não estando...
E você? Ser ou estar, eis a questão...


Marisa Valladares é professora do depto. de Política, Educação e Sociedade, do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Educação e doutoranda em Educação - com concentração de estudos em Currículo e Formação de Professores. Trabalha com Didática, Metodologia do Ensino Superior, Estágio na Licenciatura de Geografia. Foi professora da educação básica em todos os segmentos - desde a educação infantil até ao ensino médio - em escolas públicas (zona urbana e zona rural) e em escolas privadas de pequeno e grande porte. Adora ser professora e eterna aprendiz!

Jornal Virtual - Profissão Mestre

Profissão Mestre- Ano 7 nº 87 (01/10/2008) Newsletter